No dia do meio ambiente, instituição apresenta projetos certificados por reduzirem o impacto deste material na natureza
“Em 2050, nossos oceanos terão mais plásticos do que peixes”. Pode parecer uma frase apocalíptica, mas a afirmação tem base na pesquisa da Ellen MacArthur Foundation, com os dados atuais de despejo de resíduos plásticos nos mares: em 2014, a cada 1 tonelada de plástico havia cinco toneladas de peixes, em 2025, a cada tonelada do resíduo terão três de peixes e em 2050 será 1 para 1.
São oito bilhões de toneladas de plásticos que chegam nos oceanos anualmente. A proporção é de um caminhão de lixo por minuto. Em 2016, o Fórum Mundial Econômico de Davos apresentou os dados da pesquisa da Ellen MacArthur Foundation para políticos e líderes empresariais e recomendou a busca por soluções globais para reduzir os impactos deste problema.
“O sistema atual de produção, de utilização e de abandono de plásticos tem efeitos negativos significativos: entre US$ 80 bilhões e US$ 120 bilhões (entre R$ 309,6 bilhões e R$ 464,4 bilhões) em embalagens de plástico são perdidos anualmente. A par do custo financeiro, se nada mudar, os oceanos terão mais plásticos do que peixes [em peso] até 2050”, indicou um comunicado do Fórum.
A situação do Brasil também é muito preocupante. O país é o quarto maior produtor de plástico do mundo, atrás de Estados Unidos, China e Índia. O Brasil produz 11,3 milhões de toneladas de plástico anualmente, desse total, 10,3 milhões são coletados, mas recicla-se apenas 1.28% dos resíduos, ou seja, reprocessados na cadeia de produção como produto secundário, conforme relatório apresentado pela WWF.
Cabe destacar que o plástico foi uma invenção humana que trouxe muitos benefícios para a sociedade, o problema, é a forma de utilização deste produto como algo descartável, mas que não pode ser absorvido pelo meio ambiente e que tem trazido grandes impactos ambientais, como a poluição dos oceanos.
No Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil, há várias iniciativas para reciclagem de plásticos e reuso deste tipo de material. Como forma de contribuir com propostas para a reutilização do plástico, abaixo serão apresentadas duas propostas: Projeto Vale Luz e o Tratamento e Destinação Correta do Lixo Eletrônico.
Vale Luz
Tecnologia social certificada pela Fundação Banco do Brasil em 2009, o Vale Luz é um projeto de eficiência energética que alia a sustentabilidade ambiental e economia de energia ao destinar de forma adequada os resíduos sólidos.
É uma ação muito simples: as pessoas fazem a coleta dos resíduos sólidos, entregam em um posto que possui uma tabela de valores de cada resíduo e o valor final arrecadado é descontado da conta de energia elétrica.
A iniciativa é das distribuidoras de energia elétrica do estado da Bahia (Coelba), Pernambuco (Celpe) e Rio Grande do Norte (Cosern). Na Bahia, a Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental – Camapet é parceira do grupo Coelba. No mês de maio de 2019, 1345 consumidores da região metropolitana de Salvador tiverem desconto na conta de luz.
Desde que foi criado, o projeto já coletou mais de 3 milhões de toneladas de resíduos, ofertou mais de R$ 800 mil em descontos na conta de energia elétrica e atendeu mais de 23 mil clientes.
A coordenadora do projeto na Bahia, Ana Christina Mascarenhas, afirma que a iniciativa gera impacto para o meio ambiente porque reduz os resíduos sólidos jogados de forma indevida na natureza e mostra para as pessoas que o lixo tem valor. “A ação é educativa, gera economia de energia na produção industrial e também faz o consumidor final ficar adimplente porque a gente passa a ver o lixo como dinheiro”, avalia Ana.
Questionada sobre como fazer o descarte do plástico, a coordenadora ressalta que o baixo custo de mercado do material, faz com que ele não seja um produto de interesse para a cadeia de reciclagem. “Só que precisamos reavaliar porque o plástico gera poluição no meio ambiente. O Vale Luz pode ser uma iniciativa que pode ser reaplicada com foco na reciclagem dos plásticos” destaca.
Gestão de lixo eletrônico
Outra iniciativa que pode contribuir para gestão dos resíduos de plástico, além da destinação correta do lixo eletrônico, é a tecnologia social certificada em 2017 pela Fundação BB: Tratamento e Destinação Correta de Lixo Eletrônico.
O projeto foi criado pela ONG Programando o Futuro, entidade localizada na cidade de Valparaíso do Goiás, e é popularmente conhecido na região como Estação de Metarreciclagem. Desde 2011, a entidade atua na reciclagem de lixo eletrônico e na destinação correta destes resíduos.
O processo compreende o recebimento de equipamentos eletrônicos, o desmanche e a triagem dos componentes. Durante a desmontagem os materiais vão sendo separados por categoria – ferro, plástico, cobre, alumínio e placas de circuito impresso. Posteriormente esses resíduos são reciclados por empresas licenciadas e que realizam o processo de maneira ambientalmente correta.
Vilmar Simion, coordenador geral da ONG, informa que o processo de reciclagem do plástico que desenvolvem é separar os resíduos por tipos e cores, triturar e vender para indústria. “Hoje vamos entregar 15 toneladas de plástico para uma grande empresa que utiliza o material para a fabricação de novas impressoras”, afirma.
Para receber este grande quantidade, a entidade compra os plásticos das cooperativas de materiais recicláveis e também há um trabalho de estímulo para os recicladores individuais fazerem o descarte na sede da companhia. “O plástico ainda tem um valor de revenda muito baixo, então damos um incentivo de pagar um valor maior para as cooperativas para podermos ter um valor maior na indústria. Atualmente recebemos R$ 2.70 por quilo de plástico triturado”, destaca Vilmar.
A entidade recebe como descarte todo tipo de material eletrônico. Interessados em doar pode entrar em contato direto com a Programando Futuro pelo site www.programandoofuturo.org.br.